terça-feira, 8 de abril de 2008

Irmandade

A prostituta é trazida aos pés de Cristo.
A Lei era clara: morte por apedrejamento.
E todos aguardavam com ânsia a decisão a ser tomada por Cristo.
Só que Ele não vivia pela carne, mas pelo espírito.
E a decisão pegou de surpresa aquele grupo de ignorantes espirituais.
Homens acostumados a linchar em nome de Deus.
Crianças estúpidas!
Bando de inconseqüentes.
Meninos loucos pela destruição do próximo.
E daí o susto.
Aprenderam, pela Lei, que era adequada aos ignorantes, que deviam matar naquela situação.
E nada lhes dava maior prazer.
Mas a decisão espiritual foi clara:
Aquele que não tem pecado atire a primeira pedra.
E o bando de criança espirituais não tinha argumentos contra tal decisão.
Estavam habituados à sacanagem pela sacanagem.
A pagarem alto preço se fossem pegos.
Mas eram muito inocentes desde que não descobertos pela sociedade.
Isto foi há dois mil anos!!!!
E o mundo nada mudou.
Somos os mesmos chacais em busca de diversão – contra o próximo, lógico.
Lotamos as igrejas.
Juramos ser adoradores de Deus.
Abraçamos e beijamos os “irmãos” em nossos rituais.
Mostramos a todos o quanto somos seguidores do Homem que não julgou a pobre prostituta.
Saímos de consciência lavada das igrejas.
SOMOS CRISTÃOS!
E toda noite as manchetes da TV nos clamam a assistir verdadeiros shows de deficiência espiritual.
E a gente vibra.
E nos esquecemos dos problemas diários.
Que delícia! Quanta satisfação presenciarmos cenas vívidas de sexo ou de similar pobreza
espiritual.
Toda a família participa.
Nada melhor que decadência espiritual em conjunto.
Afinal, tudo se faz em família.
Onde a similaridade espiritual é intensa.
Degradação coparticipativa.
E maldizemos ao próximo.
E lhe imputamos mil defeitos.
Incapazes que somos de autocrítica.
Quão mais fácil bestialmente julgar ao próximo!
Enquanto nem sequer percebemos os nossos próprios erros, que em geral são bem maiores.
Só que ainda não descobertos pelo público.
E nos tornamos felizes. Metemos o pau, literalmente, em mais um. Afinal ele(a) merece.
E nossa consciência embrionária nos deixa tranqüilos.
Fizemos o que deveríamos fazer!
E, no próximo final de semana estamos novamente na igreja, a “adorar” Cristo.
Quão maravilhosos somos!
“Amamos” a Cristo, mas julgamos nosso próximo.
E depois ainda questionamos o porquê de tamanho sofrimento no mundo.
Fugimo-nos desesperadamente do julgar ao próximo da maneira que julgamos nosso filho mais querido.
Vale duas moedas, sempre.
Nós, sempre anjos, filhos de Deus.
Todos os outros, um bando de irresponsáveis, merecedores da mão forte punitiva. Bando de cascavéis, todos nós. Verdadeiros sepulcros caiados, brilhando por fora, e terrível podridão por dentro. Este é o ser humano, habitante “supremo” do planeta.

Imar,

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